Total de visualizações de página
79,032
30 dezembro 2015
20 dezembro 2015
Luís Augusto Fischer escreve sobre "A Caixa de Perguntas"
http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/12/luis-augusto-fischer-caixa-de-perguntas-4933952.html
30 novembro 2015
19 julho 2015
05 julho 2015
14 junho 2015
30 abril 2015
Professores perigosos
O
que aconteceu? Será um sequestro? Prenderam um traficante perigoso?
Acertaram alguém no tiroteio? Um foragido da Justiça foi
encontrado? Alguém morreu? Quantas vítimas? Os moradores do centro
de Porto Alegre apavoraram-se com o que viram passar à sua frente.
O nervoso Grupamento de Operações Especiais andava na
contramão com seus homens fortemente armados, sob uma chuva que
começava a cair. Foram encontrar-se com o Batalhão de Choque e mais
210 policiais militares, além de seus cães adestrados e carros de
combate. O clima tenso parecia preparar-se para um derramamento de
sangue.
Os uniformes novos do Batalhão de Choque e seus escudos
reluzentes poderiam impressionar até o mais insensível dos
assassinos, assim como suas botas enormes prontas para esmagar o
inimigo. Sorte dos bandidos que toda essa força e esse aparato
policial não é colocado contra eles. Senão eles veriam que o mundo
do crime não compensa.
Todos esses homens e essas armas foram colocados em
frente ao palácio do governo para protegê-lo desse grupo perigoso
dos professores, quer dizer, professoras (a maioria são mulheres).
Sim, nunca se sabe o que professoras em greve estão tramando. Essas
senhoras com cara de anjo podem estar carregando bombas. Vejam essas
sinetas estridentes, o que garante que não sejam no fundo armas?
Mas
o maior perigo desta gente vem de suas bocas. Em outros países
resolveram unir-se com jovens visionários e todos sabemos no que
deu. Por isto é melhor que o governo mantenha a sociedade livre
desta ameaça, pagando-lhes vencimentos miseráveis e evitando que
nossa mocidade receba suas más influências. Para tanto, o
patrocínio de programas televisivos e o uso da força policial se
tornam medidas necessárias.
Professores são extremamente perigosos porque podem
perturbar a paz social. Por vezes insistem para que nossos filhos
leiam livros, escrevam, pensem por conta própria. Que absurdo! Não
há necessidade de ler. Não há necessidade de pensar. Só
necessitamos de gente que trabalhe em silêncio para o crescimento do
país. E assim poderemos servir de modelo à toda terra.
Elenilton Neukamp
Este texto foi publicado originalmente em 2005, no jornal Zero Hora (do Rio Grande do Sul), e se refere à repressão policial sobre os professores/as na época.
Retorna 10 anos depois, após a violência brutal sofrida por professores/as no Paraná.
Marcadores:
Brasil,
educação,
Elenilton Neukamp,
Professores perigosos,
violência policial,
Zero Hora
29 março 2015
Ela vem
Com que roupa ela virá?
Estão seus cabelos elétricos rebelados pelo vento?
Traz lama em seus sapatos ou virá descalça surfando relâmpagos?
Será breve, calma, intensa?
Me quer dormindo como um bebê ou me fará acordar no meio da madrugada?
Assim pergunto eu, amante da chuva.
Estão seus cabelos elétricos rebelados pelo vento?
Traz lama em seus sapatos ou virá descalça surfando relâmpagos?
Será breve, calma, intensa?
Me quer dormindo como um bebê ou me fará acordar no meio da madrugada?
Assim pergunto eu, amante da chuva.
12 março 2015
Tanto pouco
Sobram passeatas e contradição.
Há muito ódio pra pouca razão.
Muita criação de inimigos pra pouquíssima compreensão.
Pouca democracia pra tanta tensão.
Muito blá blá blá e nenhum tesão.
Nenhum representante pra tanta representação.
Há muito ódio pra pouca razão.
Muita criação de inimigos pra pouquíssima compreensão.
Pouca democracia pra tanta tensão.
Muito blá blá blá e nenhum tesão.
Nenhum representante pra tanta representação.
Marcadores:
Brasil,
democracia,
Elenilton Neukamp,
passeatas
07 fevereiro 2015
Um momento
Uma situação curiosa da manhã.
Eu pintando uma janela, com o aparelho celular que virou radinho.
Tocava uma velha canção de Bob Dylan.
Pois neste momento passou um rapaz na rua. Me olhou surpreso. Havia também alegria em seu olhar, que vislumbrei por alguns segundos.
Fui para ele um personagem, imagino. De luvas, pintando, Dylan no rádio. Como uma cena antiga.
Ou ele apenas virou a cabeça em minha direção. E assim foi para mim o personagem daquele momento.
Eu pintando uma janela, com o aparelho celular que virou radinho.
Tocava uma velha canção de Bob Dylan.
Pois neste momento passou um rapaz na rua. Me olhou surpreso. Havia também alegria em seu olhar, que vislumbrei por alguns segundos.
Fui para ele um personagem, imagino. De luvas, pintando, Dylan no rádio. Como uma cena antiga.
Ou ele apenas virou a cabeça em minha direção. E assim foi para mim o personagem daquele momento.
Marcadores:
Bob Dylan,
cotidiano,
Elenilton Neukamp,
rádio
17 janeiro 2015
Uma lição
Um dia, em minha infância, minha mãe me entregou nas mãos uma de minhas cuecas.
E disse assim: "Nenhuma mulher vai lavar tuas cuecas".
Me ensinou a lavá-las.
Foi um dos maiores ensinamentos que recebi.
Me tornou mais ciente, mais autônomo, cuidadoso.
E abriu meu caminho para uma boa relação com as mulheres.
E disse assim: "Nenhuma mulher vai lavar tuas cuecas".
Me ensinou a lavá-las.
Foi um dos maiores ensinamentos que recebi.
Me tornou mais ciente, mais autônomo, cuidadoso.
E abriu meu caminho para uma boa relação com as mulheres.
03 janeiro 2015
Improviso
Hoje estive deliciosamente perdido
pelo meu bairro.
Numa área que não conheço,
procurando por alguém que nunca vi,
sem saber se o motor do carro iria fundir de repente.
Não achei a rua, a pessoa,
a técnica certa.
Mesmo assim
me encontrou a Lua,
sem vergonha nenhuma de aparecer.
Sou perito na arte de me perder.
Feliz no improviso,
desastrado na precisão.
Marcadores:
Blog do Elenilton,
Elenilton Neukamp,
Improviso,
Lua
Assinar:
Postagens (Atom)