Carta
a um amigo escritor
Recebi
“As Cartas Místicas” no início da Semana Santa e dediquei-me
com entusiasmo a leitura. Tocou-me, como era o desejo do autor.
Tocou-me por dentro, alma, cérebro, vísceras. Tem muita vida e
muito sangue nessas cartas. Muita alegria e muita poesia, também.
As
emoções mais conflituosas eu vivi, enquanto lia As Cartas Místicas
e outras alegrias crônicas. Senti que as outras alegrias crônicas
estabeleceram em minha mente a suavidade de um barco, deslizando em
uma calmaria oceânica.
Caro
amigo Elenilton, seu texto efusivo encanta. Sua sutileza inteligente
em narrar fatos, apontando as agruras do cotidiano, movimenta a carne
do humano, que há em nós, e que muitas vezes está dormente ou
ausente, envolvida, na brutalidade de tudo.
Destaco
algumas pela preciosidade do que ali está contido e pela intensidade
do que produziu em mim. Da percepção atenta de “Pájaros” à
serenidade delicada de “Sob o sol de Sagitário”, há uma
comovente fala, que circunda os dias e as horas. Não posso deixar de
apontar para a eloquência de “A saudade de uma cadeira vazia”,
bem como a solenidade de “Quando encontrei o nome dela”. Os ritos
quase litúrgicos de “A sopa” e o “Teatro do Teleco”, tem
lágrimas e sorrisos. E a alquimia orgiástica e estética atingem o
âmago do ser gente, na leitura de “Raul Seixas entre o Rock e a
Filosofia e Belchior. Ao ler, imaginando, “Aquela Mulher”, reuni
em mim a síntese da mística do que você quis mostrar.
Suas
Cartas têm o manancial lírico, severo, crítico, amargo, lúcido,
doce, próprio dos que sabem escutar os sons do mundo e entrar na
dança das palavras, compartilhando saberes.
Obrigada
pela alegria que suas cartas me fizeram viver.
Cecilia
Pires
(Cecilia Pires é Doutora em Filosofia, escritora e poeta. Esta carta foi publicada no Facebook, como comentário ao livro "As Cartas Místicas").
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é bem-vindo. Mas não deixe-o sem assinatura.