Nas mulheres o cabelo carrega muito de simbólico.
Nunca é apenas um corte, uma outra cor ou um penteado diferente. É sempre algo mais, algo que está sendo dito.
Quando assumem os fios brancos pode ser o nascimento de uma nova mulher, uma virada de Saturno, a libertação ou o filho que vem.
Os cabelos crespos crescem como afirmação da identidade, como manifestação, a luta contra os modelos de uma cultura que oprime.
Tiaras, lenços e madeixas. Que venha tudo e que venha belo.
As mulheres com câncer se mostram sem eles ou cobrem de rosa suas cabeças. O cabelo continua falando, mesmo sem estar ali.
Não há quem não goste de ter os seus acariciados, homens e mulheres. Mesmo que sejam meia dúzia os fios sobreviventes.
Cabelos também podem acarinhar o rosto, grudar-se pelo corpo, se espalhar pelos espaços todos da casa, entupir o ralo do banheiro, demarcar o território enlouquecido da paixão.
Nós, homens, cortamos o cabelo e pouco ou nada acontece.
As mulheres, com dois lances quase inocentes de tesoura, mudam completamente o rosto e adquirem outra expressão.
A linguagem dos cabelos carece de leitura e olhos sensíveis.
E há cabelos para os quais se poderia, com prazer, render culto.
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