“Digo
em nome de Deus”, disse o assassino.
Deus
deve sentir ânsia de vômito cada vez que um torturador fala seu
nome.
E
talvez por algum segundo cósmico se pergunta por que enfim ainda
acredita no ser humano.
Na
foto quem você vê é o Coisa Ruim, "aquele do qual não
dizemos o nome" (como na "Vila" do filme).
Um
torturador é a própria encarnação do pior que podemos imaginar
numa pessoa.
Em
sua face está materializada (e real) a parte mais amarga do fruto
dos nossos sonhos mais sombrios.
Um
torturador deve ser um pesadelo para si mesmo.
A
tortura é sempre uma covardia, seja em nome de que ela for
praticada.
Hoje
o tal coronel Ustra falou em Deus e bateu na mesa. Deve ter batido
assim na mesa todas as vezes que torturou alguém, matou, maltratou,
mandou matar. Covarde.
A
alegria de uma pessoa qualquer é a tristeza profunda dele. Verdugo,
golpista, fariseu. Coisa Ruim.
Poderia
ser condenado a uma prisão ainda pior que o seu mundo interior. Um
lugar fechado e cheio de fotos suas enormes nas paredes, como que a
apontar a direção do inferno.
Condenado
a ter de suportar a imagem que revela no que ele se transformou. Seu
próprio rosto sendo-lhe jogado na cara 24 horas por dia, como mil
catarros.
Hoje
os espíritos dos mortos apontaram o dedo para sua face.
Se
ele tivesse coração já teria morrido.
Se
tivesse sangue seu rosto poderia ficar, quem sabe, rubro de vergonha.
Quando
os assassinos começam a ir para o banco dos réus começamos a falar
em democracia.
O que
tivemos até agora foi apenas um ensaio.
Que o
sol entre e espante o mofo das prateleiras.
Abrir
as janelas é o mínimo que podemos fazer.
Em
nome das vítimas.
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