Eu
tenho um vizinho chamado Jesus.
Todo
dia Jesus sai a passear com seus dois cães, um deles velho e trôpego
como ele.
Na
verdade, Jesus nem é tão velho. A aparência de velhinho ele
adquiriu com as agruras da vida e do abandono.
Somos
amigos, eu e Jesus. Ele me chama de professor.
Jesus
mora na vila aqui ao lado. Nos encontramos sempre na rua, com nossos
cachorros e nossas conversas. Numa delas ele me pediu um livro de
geografia, para decorar de novo o nome das capitais.
Mas
Jesus tem sofrido muito com as dores.
Esperou
uns 8 meses por uma consulta. Uma hérnia maldita que queria
rebentar.
Depois
mais dois anos pela cirurgia. A hérnia estourou na virilha,
horrível.
Passaram-se
dois anos e meio e Jesus passou pela cirurgia. Voltou tão
“esgualepado” quanto seu cão mais velho. Por algum motivo que
não lhe foi revelado houve um problema durante o procedimento
cirúrgico e lhe retiraram um dos testículos. E é isso o que tem
mais lhe incomodado.
Outro
dia Jesus leu na capa de um jornal popular que “a saúde está bem
obrigado”.
Depois
de mais de dois anos e meio para conseguir consultar e fazer uma
cirurgia (que era urgente), Jesus achou estranho. Veio falar comigo,
já que eu sou “o professor”.
E
ficamos eu e Jesus tentando entender onde é que está essa saúde
boa.
Em
Porto Alegre é que não é...
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