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09 dezembro 2022

 Ela tem 15 anos e luta contra a depressão. Seus braços marcados revelam sua dor. Rejeitada na escola e invisível nas ruas. Na solidão dos dias ela vai tentando reunir forças para viver e sonhar. Este livro é seu diário. Um caderno que a acompanha e onde registra seu cotidiano na escola, os amigos, a família, em textos e desenhos que rabisca pelas páginas.


Por que ler este livro?
Para entender melhor a depressão, que é real. O sofrimento das pessoas é verdadeiro, e você precisa pensar melhor sobre isto. Pare. Leia. Entenda.
“A Felicidade é um quase nada” é um romance que fala sobre depressão e adolescência, sempre a partir do olhar de uma garota de 15 anos.
É ela que nos conta sua vida, suas paixões e sonhos.
Esta é uma história que joga luz sobre um drama de milhões de pessoas, jovens e adultos de todas as idades.
Abra o livro e embarque no universo particular de uma adolescente, onde o mistério e o poder dos afetos podem transformar a realidade.


Meu novo livro foi lançado na primavera, em várias feiras do livro: Porto Alegre, Osório, São Leopoldo.

Está disponível nas livrarias e lojas virtuais, e também no site da editora Libretos: www.libretos.com.br

@eleneukamp

15 maio 2019

As cartas místicas

"As cartas místicas" é o nome de meu novo livro.
Nestes tempos de notícias ruins, é sempre uma alegria noticiar algo bom. Oxigênio em meio à loucura. Um livro sempre é uma boa notícia.
Minhas "cartas místicas" são uma coletânea de crônicas, pequenos textos, impressões sobre a vida.
Algumas coisas estão aqui neste blog, que eu alimento bem pouco (mas tem um número impressionante de acessos).
O conteúdo do livro é uma resposta a estes tempos de ignorância e obscurantismo. Uma tentativa de responder com leveza e sensibilidade a uma época de brutalidade.
Em tempos de crise das editoras, resolvi fazer um teste com a publicação e comercialização via Internet. Está dando certo, embora muitas pessoas ainda não tenham acesso ou mantém o receio de comprar em um site. Entendo bem.
O livro está sendo comercializado na Amazon. Há duas versões: o e-book e o livro tradicional em papel. As capas são diferentes, o conteúdo é o mesmo.

O e-book é comprado e automaticamente visualizado, via aplicativo Kindle, em qualquer celular, tablet ou computador. Bem barato (7,99) e bonito de visualizar.
Já o livro em papel é encomendado e chega em torno de um mês depois na casa do leitor, da leitora. Com frete e tudo mais (ele vem dos EUA), fica em torno de 31,00. Razoável, me parece.
Há pessoas que querem comprar um exemplar do autor, sem possibilidades de negociação. À medida dos encontros que a vida proporciona, vou repassando exemplares que encomendei pensando nelas.
Bom, como as cartas são místicas, ele foi lançado em uma lua nova. E na próxima lua nova farei uma promoção de três dias, quando o e-book poderá ser baixado gratuitamente. Mais não digo. Vejam lá em www.amazon.com.br

P.S. Como vocês sabem, há uma outra obra pronta. É urgente e fala de nosso tempo. Uma adolescente que conta sua história. Uma editora avalia. Mandem boas energias para que tudo dê certo. O misticismo é real.


22 março 2010

Anko e Ruth - À sombra das nogueiras

Para digerir a felicidade natural, como a artificial, é preciso, antes de tudo, ter a coragem de engoli-la.

Baudelaire


Anko subiu centenas de degraus para chegar até o alto do burgo (die Festung) de Salzburg. Na Idade Média, Salzburg foi considerada um Estado próprio, com seus becos estreitos, suas casas coloridas, seus castelos, palácios episcopais e catacumbas. Por isso a cidade foi reconhecida como uma das mais belas do mundo.

A vista, desde o castelo, sempre lhe parecera magnífica. Os efeitos da luz fugidia do sol sobre a neve de múltiplos tons de branco lhe fazia muito bem. Na igreja, as oito janelas explodindo a luz sobre o altar. Tudo era poesia no olhar do menino.

A neve descendo as cordilheiras, o degelo iluminado pela luz da manhã, os primeiros pássaros anunciando a primavera. Era já o mês de maio, anunciado pelo doce encanto daquele dia de abril.

Ruth fora visitar o túmulo da avó. Porém, parou seu olhar na estátua de um anjo que segurava uma flor. Próxima ao peito a flor estática e o olhar jogado no horizonte. Foi naquele momento preciso que ela e Anko se viram pela primeira vez. Entre a catedral e o cemitério. Sob a imagem divina e o olhar angelical. Ele sai da catedral. Ela do cemitério. O que os une é a contemplação do transcendente. Trocaram sorrisos infantis e rápidas palavras de encantamento que iriam ligá-los para todo o sempre.

...

Anko caminha sob as copas das nogueiras, pisa em seus duros frutos, recolhe-os calmamente do chão. As árvores centenárias se envergam ante o poder do tempo. Sob elas Anko pode elevar seus pensamentos a píncaros jamais pensados por boa parte de seus companheiros de mosteiro. Se a eles é dada a obrigação de permanecer longe do século, Anko se propõe contemplá-lo e vivê-lo a seu modo. Admirador secreto de Epicuro, é neste filósofo que ele busca sua inspiração para venerar a existência.

Formula a seguinte interrogação a respeito de cada desejo; que me sucederá se se cumpre o que quer o meu desejo? Que me acontecerá se não se cumpre?”. Anko meditava sobre este preceito de Epicuro. E se o desejo que lhe inflamava o peito um dia se tornasse enfim realidade? O jovem monge por alguns instantes sentia um frêmito de medo que lhe movia a espinha e lhe fazia tremer as mãos.

Dos sete dons do Espírito Santo, a sabedoria lhe era mais cara. Naquele momento, seu pensamento era quase sacrílego. Queria o dom da onipresença por um breve instante. Apenas para vê-la.

Afastou aquela ideia tola. E num relance voltou a cabeça até o que sentia sob os pés. Eram nozes, muitas delas.

As nogueiras são árvores gigantescas que se derramam pelo vale, gigantes generosos e sem pressa. Crescem solitárias ou em grupos à beira dos canais. Algumas possuem copas de mais de 15 metros de diâmetro e outros tantos de altura. Sob a sombra o sussurro do farfalhar das folhas e o canto vibrante das cigarras. No chão, um tapete verde de ervas nativas onde as pessoas podem sentar-se.

Algumas são muito velhas, com teias complicadas de raízes, crateras abertas no tronco seco. Morrem e ressuscitam; encontram-se restos de troncos meio caídos, ainda presos à terra, de que já não se espera nada e que no entanto lançam galhos novos, com folhas de um verde claro quase transparente ao sol.

Por vezes uma fila de nogueiras esconde uma aldeia inteira. Desenham uma linha ao longo dos caminhos, como uma pálpebra fechada. Pode-se ir para debaixo delas como quem entra num jardim ou numa casa grande e fresca. As crianças brincam lá embaixo, correm à sombra, molham os pés na água dos canais.

Era época de colheita. De todos os lados vinham aos ouvidos de Anko os ruídos característicos dos homens tentando derrubar as nozes, com varas compridas e finas batendo nos ramos. Equilibravam-se nas árvores como na própria vida, avançando pelo tronco, com as varas na mão, e depois por galhos cada vez mais finos, até quase chegarem às pontas. Há muito de aventura naquele colher de nozes, pois naquele jogo de equilíbrio e peso muitos já haviam perdido a vida. Outros andavam puxando a perna ou um braço caído pelas constantes quebraduras.

No chão, grupos de homens ou mulheres apanham as nozes. Os apanhadores avançam em blocos compactos, com baldes, segundo um percurso cuja principal lógica é não estar onde elas caem. Cada um tem direito, no final, a uma boa porção de nozes. Os miseráveis, que não têm muito mais do que sacos vazios para carregar sua fome, não são esquecidos na colheita de nozes. Uma tradição antiga, na aldeia próxima ao mosteiro, era que cada grupo de catadores dava um punhado de nozes para as crianças pobres que vinham pedir. Também não havia cercas ou muros dividindo as plantações, para facilitar a passagem livre dos famintos que ali aplacavam sua fome imensa.

Se Anko assim quisesse, poderia até mesmo atravessar o vale apenas sob a sombra das nogueiras. Sempre amou-as como uma das mais belas representações da grandeza e beleza da Criação. Foi sob estas majestosas árvores e encantado por elas, que ele teve a ideia. Ao pensar sobre sua melhora de humor ao passar pelas nogueiras e em tudo que diz respeito à colheita das nozes, Anko resolveu inventar algo. (...)


Este "algo" é o licor de nozes. O mesmo licor que vai dar sequência à história e que vai acompanhar o mini-livro "Anko e Ruth - À sombra das nogueiras", a ser lançado no dia 28 de março em Nova Petrópolis. A editora é a Nova Harmonia, a mesma que lançou meu livro sobre o Nietzsche..

Pela Livraria Cultura só estará à venda o livrinho, mas quem o adquirir por aqui leva também uma garrafinha do licor (que é delicioso!).