Pesquisas recentes têm demonstrado a
crescente disposição de boa parcela da população em preferir a companhia dos cães, em
detrimento aos de sua própria espécie: os humanos.
Mas não se animem os leitores da
filosofia pessimista de Schopenhauer, imaginando que sua fórmula
ranzinza popularmente conhecida como “quanto mais conheço os
homens, mais gosto dos cães” tenha, enfim, triunfado. Que nada!
As pessoas cada vez mais
gostam dos cães
simplesmente porque cada vez menos
conhecem seus semelhantes (o Outro, este estranho). Os humanos,
bípedes, racionais, passageiros do século XXI, são a antítese de
homens profundos como Schopenhauer. Não se sabem nem querem saber, e
ainda por cima têm raiva de quem sabe.
Com os avanços da biotecnologia e o
empobrecimento da linguagem, em breve poderemos ver cachorros de
óculos perguntando “por quê?” e humanos, pela rua, latindo e
carimbando os postes.
Por algum tempo, talvez, o mundo
torne-se mais engraçado.
“...pois,
francamente, como se restabelecer da infinita dissimulação,
falsidade e malícia dos homens, se não houvesse os cães, em cuja
face honesta podemos mirar sem desconfiança? Nosso mundo civilizado
não passa de uma imensa mascarada. Ali encontramos cavaleiros,
padres, soldados, doutores, advogados, sacerdotes, filósofos, e o
que não mais! Porém estes não são o que representam: são simples
máscaras, sob as quais, via de regra, se situam especuladores
financeiros.”
Arthur
Schopenhauer (1788/1860)
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