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21 abril 2014

A pedidos

Me pedem para escrever sobre Gabriel García Marquez.
Um homem velho que morre de sua velhice não deveria ser chorado.
E se ele criou, inventou, viajou, fez loucuras e até apoiou revolução,
o que se haveria de esperar mais? Que ele apontasse com toda vontade seu dedo médio em direção às câmeras? Pois sim, ele também fez isto.
Sobre García Marquez, vou repetir o que todo mundo já disse.
"Cem anos de solidão" foi uma descoberta, uma viagem, um mergulho nas lágrimas de uma personagem que fizeram inundar toda uma cidade. E aquelas borboletas amarelas, um trem lotado de cadáveres, uma chuva que nunca acabava...
Outro livro que li duas vezes foi "Do amor e outros demônios", que começa com a abertura de um caixão e a surpreendente descoberta de um cabelo que não parou de crescer. Uma paixão proibida.
Um grande que morre abre uma clareira na mata, um espaço para novas criações da natureza.
Se ele é um velho senhor, por que haveríamos de chorá-lo?
Guardemos nossas lágrimas para as crianças que desaparecem na loucura das cidades, na guerra diária de todos contra todos onde o vencedor é ninguém.
E aí de quem me vier de novo com isto de "escreve alguma coisa sobre isso.". Vou mandar tomar...tomar um ar, um livro. Que nada, não "mando" coisa alguma.
Mas posso sugerir a releitura de "Cem anos de solidão". Ah,ainda não leu? Então o que tá esperando?

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