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29 setembro 2012

Não mudou nem vai mudar



Paródia do jingle da campanha eleitoral do atual prefeito de Porto Alegre. Muito bom!! Estas são as verdades que não aparecem na (maquiagem da) televisão...

27 setembro 2012

A escola de turno integral e outras mentiras


Que as pessoas acreditem em Papai Noel é um direito delas, e vou defender até a morte o direito de acreditar.
O problema é que numa eleição acreditar em fantasias pode ser desastroso.

Nas escolas de Porto Alegre faltam professores. Só isso já demonstra que as coisas vão mal. Estamos no final de setembro e AINDA faltam professores na grande maioria delas.
A cidade ocupa o 17º lugar entre as capitais no índice de desenvolvimento de ensino. Em outras palavras: está muito mal.

Aí aparece um prefeito em primeiro lugar nas pesquisas falando em "escola integral", o novo mantra dos políticos.
Que escola integral? Onde?
Você conhece algum aluno/a de escola pública que passa o dia inteiro na escola?
Na escola onde eu trabalho, que fica na periferia de Porto Alegre, estudam mais ou menos 1500 alunos.  Se ela fosse de turno integral, os alunos da manhã teriam que ficar na escola durante a tarde. Mas onde estudariam então os alunos da tarde?

Esta história de "turno integral" é uma bela mentira, uma ilusão. É mentira do ponto de vista da realidade mesma. E é discutível do ponto de vista pedagógico.
E o prefeito ainda promete "aumentar ainda mais" o turno integral, e "estendê-lo para todas as escolas". É mentira sobre mentira. A prefeitura hoje gasta mais com salários de CCs (cargos de confiança) do que com educação, e isto não vai mudar se o prefeito continuar sendo o mesmo. Sei que é óbvio demais. Mas é de uma lógica básica que estamos precisando.

É bom pensar bem antes de votar. Porque serão quatro anos de administração com quem for eleito.
E lembrar o conselho de Eça de Queiroz. Fraldas e políticos devem ser trocados de tempos em tempos, e pelo mesmo motivo.

24 setembro 2012

Um canhão pelo cu

"Um canhão pelo cu", texto do escritor espanhol Juan José Millás criticando o capitalismo e sua versão atual.


Um canhão pelo cu
Se percebemos bem – e não é fácil, porque somos um bocado tontos -, a economia financeira é a economia real do senhor feudal sobre o servo, do amo sobre o escravo, da metrópole sobre a colónia, do capitalista manchesteriano sobre o trabalhador explorado. A economia financeira é o inimigo da classe da economia real, com a qual brinca como um porco ocidental com corpo de criança num bordel asiático.
Esse porco filho da puta pode, por exemplo, fazer com que a tua produção de trigo se valorize ou desvalorize dois anos antes de sequer ser semeada. Na verdade, pode comprar-te, sem que tu saibas da operação, uma colheita inexistente e vendê-la a um terceiro, que a venderá a um quarto e este a um quinto, e pode conseguir, de acordo com os seus interesses, que durante esse processo delirante o preço desse trigo quimérico dispare ou se afunde sem que tu ganhes mais caso suba, apesar de te deixar na merda se descer.
Se o preço baixar demasiado, talvez não te compense semear, mas ficarás endividado sem ter o que comer ou beber para o resto da tua vida e podes até ser preso ou condenado à forca por isso, dependendo da região geográfica em que estejas – e não há nenhuma segura. É disso que trata a economia financeira.
Para exemplificar, estamos a falar da colheita de um indivíduo, mas o que o porco filho da puta compra geralmente é um país inteiro e ao preço da chuva, um país com todos os cidadãos dentro, digamos que com gente real que se levanta realmente às seis da manhã e se deita à meia-noite. Um país que, da perspetiva do terrorista financeiro, não é mais do que um jogo de tabuleiro no qual um conjunto de bonecos Playmobil andam de um lado para o outro como se movem os peões no Jogo da Glória.
A primeira operação do terrorista financeiro sobre a sua vítima é a do terrorista convencional: o tiro na nuca. Ou seja, retira-lhe todo o caráter de pessoa, coisifica-a. Uma vez convertida em coisa, pouco importa se tem filhos ou pais, se acordou com febre, se está a divorciar-se ou se não dormiu porque está a preparar-se para uma competição. Nada disso conta para a economia financeira ou para o terrorista económico que acaba de pôr o dedo sobre o mapa, sobre um país – este, por acaso -, e diz “compro” ou “vendo” com a impunidade com que se joga Monopólio e se compra ou vende propriedades imobiliárias a fingir.
Quando o terrorista financeiro compra ou vende, converte em irreal o trabalho genuíno dos milhares ou milhões de pessoas que antes de irem trabalhar deixaram na creche pública – onde estas ainda existem – os filhos, também eles produto de consumo desse exército de cabrões protegidos pelos governos de meio mundo mas sobreprotegidos, desde logo, por essa coisa a que chamamos Europa ou União Europeia ou, mais simplesmente, Alemanha, para cujos cofres estão a ser desviados neste preciso momento, enquanto lê estas linhas, milhares de milhões de euros que estavam nos nossos cofres.
E não são desviados num movimento racional, justo ou legítimo, são-no num movimento especulativo promovido por Merkel com a cumplicidade de todos os governos da chamada zona euro.
Tu e eu, com a nossa febre, os nossos filhos sem creche ou sem trabalho, o nosso pai doente e sem ajudas, com os nossos sofrimentos morais ou as nossas alegrias sentimentais, tu e eu já fomos coisificados por Draghi, por Lagarde, por Merkel, já não temos as qualidades humanas que nos tornam dignos da empatia dos nossos semelhantes. Somos simples mercadoria que pode ser expulsa do lar de idosos, do hospital, da escola pública, tornámo-nos algo desprezível, como esse pobre tipo a quem o terrorista, por antonomásia, está prestes a dar um tiro na nuca em nome de Deus ou da pátria.
A ti e a mim, estão a pôr nos vagões do trem uma bomba diária chamada prémio de risco, por exemplo, ou juros a sete anos, em nome da economia financeira. Avançamos com ruturas diárias, massacres diários, e há autores materiais desses atentados e responsáveis intelectuais dessas ações terroristas que passam impunes entre outras razões porque os terroristas vão a eleições e até ganham, e porque há atrás deles importantes grupos mediáticos que legitimam os movimentos especulativos de que somos vítimas.
A economia financeira, se começamos a perceber, significa que quem te comprou aquela colheita inexistente era um cabrão com os documentos certos. Terias tu liberdade para não vender? De forma alguma. Tê-la-ia comprado ao teu vizinho ou ao vizinho deste. A atividade principal da economia financeira consiste em alterar o preço das coisas, crime proibido quando acontece em pequena escala, mas encorajado pelas autoridades quando os valores são tamanhos que transbordam dos gráficos.
Aqui se modifica o preço das nossas vidas todos os dias sem que ninguém resolva o problema, ou mais, enviando as autoridades para cima de quem tenta fazê-lo. E, por Deus, as autoridades empenham-se a fundo para proteger esse filho da puta que te vendeu, recorrendo a um esquema legalmente permitido, um produto financeiro, ou seja, um objeto irreal no qual tu investiste, na melhor das hipóteses, toda a poupança real da tua vida. Vendeu fumaça, o grande porco, apoiado pelas leis do Estado que são as leis da economia financeira, já que estão ao seu serviço.
Na economia real, para que uma alface nasça, há que semeá-la e cuidar dela e dar-lhe o tempo necessário para se desenvolver. Depois, há que a colher, claro, e embalar e distribuir e faturar a 30, 60 ou 90 dias. Uma quantidade imensa de tempo e de energia para obter uns cêntimos que terás de dividir com o Estado, através dos impostos, para pagar os serviços comuns que agora nos são retirados porque a economia financeira tropeçou e há que tirá-la do buraco. A economia financeira não se contenta com a mais-valia do capitalismo clássico, precisa também do nosso sangue e está nele, por isso brinca com a nossa saúde pública e com a nossa educação e com a nossa justiça da mesma forma que um terrorista doentio, passo a redundância, brinca enfiando o cano da sua pistola no rabo do sequestrado.
Há já quatro anos que nos metem esse cano pelo rabo. E com a cumplicidade dos nossos difusores das ideias neoliberais.

22 setembro 2012

TONIOLO

Protesto e vandalismo e subversão e loucura e imaginação e destemor e criatividade e revolta e sacação e etc etc.
Depoimento de uma lenda urbana aqui do Rio Grande do Sul. O maior pichador de todos.


21 setembro 2012

Elenilton eleitoral

Agradeço de coração a sugestão da RBS e do Ibope, mas continuo confiando mais em meus neurônios e em minha capacidade em escolher um candidato a prefeito.