
No início o chimarrão era uma bebida ritual. Invenção dos indígenas daqui. Bebida que energizava e animava. Pura curtição. A tribo toda se alegrava. A Nação em festa pedia bis.
Depois vieram os jesuítas. Consideraram o mate uma droga, um perigo. A erva-mate foi proibida. Não se podia mais beber, assim como não se pode fumar uma outra ervinha que anda fazendo cheiro por aí. Até o Roberto - antes de ser rei - sabia que era "proibido fumar".
Os paulistas viajaram pro sul, conheceram a erva (a de beber) e pediram mais. Os jesuítas liberaram, plantaram e até passaram a vender em grande quantidade. Bom negócio. Nem cana mais dava. Sem quantidades mínimas, à vontade.
Hoje todo mundo bebe seu chimarrão, na boa, e nem precisa dizer "legalize já". Ele ficou tão pop que agora anda na boca de qualquer um.
Nas esquinas se formam grupinhos, em círculos, e vão usando sua erva ritual. Se diz até que o negócio pode ser medicinal.
Lembram da música clássica do Nei Lisboa?
"Entrei numa roda e me deram uma coisa pra provar/uma erva galhuda, esverdeada, e gostosa de chupar/e dá barato sim../vai bem com tudo e é bom pros rins..."
Pois é. Nem só de mate amargo vive o homem. Mas é barato sim.
(Foto de Antônio Sobral/Correio do Povo, 21/05/2010)