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19 novembro 2014

Relatos selvagens

O cinema argentino é tudo isto mesmo que dizem? É. E muito mais ainda.
Há muito tempo que eu não assistia um filme tão empolgante quanto "Relatos Selvagens", do argentino Damián Szifron.
A história é dividida em vários episódios, que não se conectam entre si senão por tratar do humano, demasiadamente humano. Os relatos são mesmo selvagens porque tratam de pessoas "comuns" colocados em situações de extrema emoção, no limiar da loucura.
Qual é a fronteira entre o pacato cidadão e o lunático? Qual o limite entre o bom senso e a perda total da lucidez? O enredo leva estas questões ao extremo e às vezes ao absurdo.
Está claro que não irei contar o filme, para não estragar a surpresa. Mas posso dizer que a cena inicial é perfeita, assim como o último episódio.
Minha mulher saiu da sala de cinema chorando, e não sabia se chorava de tristeza ou de alegria. Veja bem então que o filme mexe com as emoções. Em alguns momentos pensei se havia feito uma boa escolha em ir assisti-lo.
Eu, que não gosto de hiperrealismo em cinema (ou sei lá que nome se dê para isto), abriria mão de algumas cenas mais cruentas. Mas o filme não é meu, então deixo de ser chato. As histórias nos pegam, nos convencem, por seu humor mórbido ou pela escancaração do que há de mais hipócrita nas relações humanas.
A cena inicial se passa num avião, onde um homem de meia idade resolve iniciar um papo com uma mulher bonita que senta no corredor ao lado. Logo perceberão que têm um conhecido em comum, que ele simplesmente escracha. Uma senhora sentada na poltrona de trás escuta a conversa, e entra nela porque afirma também conhecer aquele a quem eles se referem. De repente, a surpresa: todos passageiros do avião conhecem aquela pessoa. E o que vai acontecer? Ah...só vendo.
O último episódio é um casamento super ultra mega alegre. Uma crítica mordaz à sociedade do espetáculo, ao nosso tempo, às convenções cheias de brilho e barulho mas vazias de laços efetivos. O casamento-show é todo programado para ser um sucesso. Entretanto, a noiva descobre durante a festa que está sendo traída. Se você pensa que já assistiu muitos filmes sobre mulheres traídas, então não viu muito. Sempre há muito mais a ser dito, sobretudo em se tratando do criativo cinema argentino.
Uma aula de atuação também. Todos convencem. A noiva é impagável, assim como a maquiagem perfeita.
Estaríamos todos/as nós a um passo de perder totalmente o controle? Não conseguimos agir com serenidade diante de situações que nos provocam? O que você acha?



Vá assistir o filme e depois me diga.

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