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14 janeiro 2014

Noites claras e beijos radioativos

A lua cheia se aproximando. Ela se anuncia pelas noites claras, com aquele "verniz da madrugada".
Sou tão seduzido por este espetáculo da natureza que poderia ficar todas as madrugadas apenas contemplando. Mas aí vem as horas por dormir, o Érico que irá acordar cedo e com toda a pilha pra brincar, correr, jogar, tomar banho de mar...
As férias também tem banhos de leitura. Li o Vargas Llosa, gostei, começando a ler outro. E também Plutarco, Montaigne, "A noite dos cabarés" do Juremir Machado (muito bom).
Tentando escrever. Enredado no próprio labirinto literário que inventei. "As pessoas são uns lindos problemas..." já disse o Sergio Sampaio. Os personagens também.
Encontrando amigos e amigas, como deveria ser todo o ano e sempre. Conversando. Todos os temas, tudo.
Outro dia me aventurei a ligar a máquina, o olho que quer ver pela gente. Está em todo o lugar, é onipresente. Ditadura da televisão: nas casas, nos bares, nas filas de espera, nos ônibus.
Chegará o dia em que grupos enormes de gentes invadirão os lugares para simplesmente desligarem os aparelhos de tevê. Punk utopia. Uma pequena desobediência, mas ainda assim perigosa. Desligar as tevês, desconectar fios, desligar os sinais. Nossa, mas aí já estou querendo surrealismo demais para uma época tão pobrinha. Estes bons sabotadores já existem, é claro, mas o sono é coletivo e quase ninguém percebe.
Meia hora de tv aberta e o sujeito já está informado, deformado, desinformado, enquadrado. Assim me senti. Um bobão perdendo seu tempo precioso. Mas eis que lá no meio da antena parabólica surge um debate sobre energia nuclear. Coordenado pelo Fernando Collor. Collor? "O que é isto jovem?" Ninguém mais lembra quem ele é. Amnésia é o nome da perda de memória, total ou parcial.
Nas passeatas chamávamos Collor de ladrão. Agora alguns líderes de passeata são seus aliados, amigos até. Dão até caronas de avião. O amor é lindo. Une, perdoa, passa a mão (literalmente e nos figurados sentidos). Agora sejamos todos irmãos para o bem da nação e pode passar a sacolinha, amém. Ele é presidente não sei do quê no Senado. O debate segue. Um velho burocrata do governo defende com toda a vontade as usinas nucleares. Uma delas será seria no sertão de Pernambuco. Me senti super convencido quando ele disse que o Brasil está mais protegido de acidentes nucleares do que o Japão. Este cara merece um beijo. Um beijo radioativo, só pra ver o que é bom. Que nada! Nem este diabo velho merece, e além do mais radiação é veneno que fica.

Já falei demais e ainda nem disse quase nada. Por sorte temos as noites inspiradoras, outros amores que não os financeiros, as crianças, os reinícios. E jeitos de ver a coisa que ousam até tocar na poesia.
Até mais então. Vou dar outra olhada nesta noite linda.

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