Total de visualizações de página

29 julho 2013

Coisas da vida e outras alegrias

Essas coisas da vida.
Escolhi o feijão e fiquei impressionado com a beleza das cores. Tudo misturado. Pretos, cariocas, rajados, vermelhos etc. 
Domingo, em Santa Catarina, um encontro inusitado com o Paulo Paim (que segue o mesmo cara acessível e simpático). Ele se revelando também insatisfeito me surpreende. O senado é um clube luxuoso, onde a insatisfação é extremamente rara e muitas vezes paga com o ostracismo.

Ontem um maluco aqui da rua me interpelou. Há alguns, de várias intensidades e loucuras. Quando passo com meu filho ele grita num tom sincero: "Como é lindo o amor entre pai e filho!". Fico pensando que há algo de confessional nesta sua fala, como um pai ausente ou um filho que não pode ser visitado. 
Ontem ele veio caminhando rapidamente ao meu encontro: "Hei...o senhor que é educador". Olha o jeito bonito que ele me saudou.
Converso com os malucos, as freiras e o morador de rua aqui da esquina. Não tenho defesas anti-gentes e nem quero tê-las. Possuo esta cara de professor de filosofia, então as pessoas imaginam que há algo mais do que um cara magrinho passeando com sua cachorrinha, ou com a cachorrinha e o filho. Nas suas fantasias acabam criando boas questões e surgem mesmo belas conversas. Vocês acreditam que há pessoas que me param e perguntam coisas do tipo: "Tu é professor de filosofia, né? Então me diz o que é que tu pensa sobre Deus? Deus existe ou não?". Coisinhas básicas assim. 
Também empresto e dou livros. Dizem que há dois tipos de idiota, aquele que empresta livros e aquele que os devolve. Se isto é verdade, então geralmente as pessoas que me pedem livros não são nada idiotas. Mas tudo bem, o importante é que os livros circulem por aí, já que seu destino é serem lidos.
Ele veio me perguntar o que achei do Papa.
E me surpreendeu. Meu vizinho de rua, tem uma formação de fazer inveja. Leu Goethe, Nietzsche, Santo Agostinho, Kafka. Citou de memória um fragmento zen budista, leu a Bíblia e tem dela interpretações altamente criativas e interessantes... Também logo me identificou com o existencialismo, o que demonstra o quanto é perspicaz e atento.
Me disse que esteve muitos anos com os jesuítas, mas foi expulso porque "era muito louco e bebia todas".
Impressionou-lhe a simplicidade do homem culto (o Papa) falando nos mais pobres. Lhe disse que gostei de um fragmento que ouvi de uma televisão ligada: "não trago ouro nem prata...mas a disposição para o diálogo".
Sim, é verdade, "gente é outra alegria".










Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é bem-vindo. Mas não deixe-o sem assinatura.