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31 julho 2013

Futebol


Você percebe o quanto uma sociedade está atrasada
quando a discussão mais "polêmica" e "séria" (com direito a manchetes de capa de jornal) é o jogo de futebol de domingo...se deve haver uma ou duas torcidas e blá-blá-blá.
Penso que já gastam demais nosso dinheiro (público) com tudo isso.
Os clubes riquíssimos e a população pagando policiamento, estrutura, terrenos, isenções fiscais.
O futebol é popular, tudo bem. Mas isto não justifica tanto estardalhaço.
Aliás, como entretenimento para ser assistido no próprio local, até "popular" ele deixou de ser. Os ingressos agora são apenas acessíveis à classe média.
Um bom início seria utilizar estas centenas de policiais que ficam nos estádios
para outros fins. As vilas, por exemplo, são há muito tempo território dominado pelas quadrilhas e a população vive sob o medo constante.
Por que Inter e Grêmio, clubes riquíssimos, não pagam sua própria segurança? Por que eles mesmos não financiam obras no entorno de seus estádios?


29 julho 2013

Lorottachenko - A entrevista

Eis aí o nosso filme.
Produção coletiva dos alunos e alunas da escola Dolores, coordenados por mim.
Espero que vocês gostem.
Rimos muito.




Coisas da vida e outras alegrias

Essas coisas da vida.
Escolhi o feijão e fiquei impressionado com a beleza das cores. Tudo misturado. Pretos, cariocas, rajados, vermelhos etc. 
Domingo, em Santa Catarina, um encontro inusitado com o Paulo Paim (que segue o mesmo cara acessível e simpático). Ele se revelando também insatisfeito me surpreende. O senado é um clube luxuoso, onde a insatisfação é extremamente rara e muitas vezes paga com o ostracismo.

Ontem um maluco aqui da rua me interpelou. Há alguns, de várias intensidades e loucuras. Quando passo com meu filho ele grita num tom sincero: "Como é lindo o amor entre pai e filho!". Fico pensando que há algo de confessional nesta sua fala, como um pai ausente ou um filho que não pode ser visitado. 
Ontem ele veio caminhando rapidamente ao meu encontro: "Hei...o senhor que é educador". Olha o jeito bonito que ele me saudou.
Converso com os malucos, as freiras e o morador de rua aqui da esquina. Não tenho defesas anti-gentes e nem quero tê-las. Possuo esta cara de professor de filosofia, então as pessoas imaginam que há algo mais do que um cara magrinho passeando com sua cachorrinha, ou com a cachorrinha e o filho. Nas suas fantasias acabam criando boas questões e surgem mesmo belas conversas. Vocês acreditam que há pessoas que me param e perguntam coisas do tipo: "Tu é professor de filosofia, né? Então me diz o que é que tu pensa sobre Deus? Deus existe ou não?". Coisinhas básicas assim. 
Também empresto e dou livros. Dizem que há dois tipos de idiota, aquele que empresta livros e aquele que os devolve. Se isto é verdade, então geralmente as pessoas que me pedem livros não são nada idiotas. Mas tudo bem, o importante é que os livros circulem por aí, já que seu destino é serem lidos.
Ele veio me perguntar o que achei do Papa.
E me surpreendeu. Meu vizinho de rua, tem uma formação de fazer inveja. Leu Goethe, Nietzsche, Santo Agostinho, Kafka. Citou de memória um fragmento zen budista, leu a Bíblia e tem dela interpretações altamente criativas e interessantes... Também logo me identificou com o existencialismo, o que demonstra o quanto é perspicaz e atento.
Me disse que esteve muitos anos com os jesuítas, mas foi expulso porque "era muito louco e bebia todas".
Impressionou-lhe a simplicidade do homem culto (o Papa) falando nos mais pobres. Lhe disse que gostei de um fragmento que ouvi de uma televisão ligada: "não trago ouro nem prata...mas a disposição para o diálogo".
Sim, é verdade, "gente é outra alegria".










25 julho 2013

O Papa pop

Nas férias assisto TV. É uma boa maneira de não fazer nada da vida. Nem é preciso pensar, eles fazem isso pela gente.
Vejo um papa (pop) e inteligente saudado por milhares na rua, exaltado por uma Globo entusiasta. E outros tantos na frente do palácio real na Inglaterra, aquele mesmo palácio cercado por grades de ouro (ouro retirado do Brasil).
Carnaval aqui e lá.
O Brasil conquistou o mundo. A carnavalização da vida se espalhou. E isto é só constatação, não vai aí nenhuma crítica.
Melhor o carnaval para o Papa do que gente na rua exigindo "cura gay" ou a proibição do divórcio.
Mas é sempre bom lembrar: o Estado deve ser LAICO.


09 julho 2013

Greve geral, "só que não"

Vou participar deste movimento de quinta por respeito à decisão da maioria.
Mas não aposto nenhuma ficha nele. Me cheira a protesto "chapa branca", porque nem o nome de greve querem colocar. Medo de que, medo de quem?
Os sindicatos, em geral, se tornaram correias de transmissão do governo. Cargos e grandes programas gerenciados pelas burocracias sindicais.
Ao contrário do que agora querem nos fazer crer, antes é que éramos anônimos nas passeatas. Uma massa anônima atrás de um caminhão de som e de uma bandeira.
Me senti bem mais animado nas passeatas do mês de junho. Me animam as várias propostas e reivindicações, a diversidade, nem de longe me lembram fascismo (como a militância oficial propagou). Fascismo é a fé cega, o silêncio servil, a certeza bem paga.
Há muita gente com medo de povo no Brasil. Na direita e na esquerda o medo da democracia é grande. Para algumas pessoas, "democracia" é quando todos concordam com o que eu penso. O inverso é mais verdadeiro.
Muito preconceito contra os jovens, isto sim está bem espalhado por estas terras. Até mesmo vindo de sujeitos nem tão velhos assim (ao menos em relação ao tempo de vida). As pessoas fazem 40, se sentem com 120 e pregam uma moral de 200 anos.

Participei das greves gerais dos anos oitenta. Recebi desconto no salário. Humilhações. Numa das vezes fui o único a parar. Em outra fui parar no Juizado de Menores. O PT era um partido de esquerda e a CUT era contra os governos e patrões.
Eram outros tempos, melhores em alguns sentidos e piores em outros. Era bom ter um partido de esquerda forte, sindicatos que realmente representavam. Mas não vamos ficar chorando sobre o leite derramado. É hora de construir outras formas de organização. Que formas são estas? Também não sei. Sou filósofo e não profeta. Sejamos criativos. Nada de ficar só reclamando da vida. Criação, gentes. Invenção.

Perguntar não ofende: o Tarso Genro vai colocar a polícia de choque na rua quinta? Já acabaram as bombas de gás lacrimogênio vencidas? Se acabaram, alguém já providenciou a compra das novas?


Elenilton Neukamp

06 julho 2013

Tropa de Nhoque

A Tropa de Nhoque esteve lá para garantir a segurança e evitar o vandalismo.
Era uma passeata da polícia militar do Rio Grande do Sul, a mesma que havia recebido graciosamente os manifestantes com bombas de gás lacrimogênio (vencidas).
Os policiais, ao verem a Tropa de Nhoque, dispararam logo o seu bom humor (fruto da boa formação recebida):
"Esses são os baderneiros que apanham!".
"Vão tomar banho, maconheiro fedorento!".
"Eles estão recebendo pra fazer isto".



01 julho 2013

Uma bela constatação

"O que as pessoas não entendem - ou não querem entender - é que o futebol envolve dinheiro demais para que os homens deixem a bola rolar à sua própria sorte." 

Karina Lopes