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26 junho 2013

O nosso tempo é hoje

Algo realmente grande está acontecendo quando um país como o Brasil reúne na rua, fora do estádio e protestando, o mesmo número de pessoas que estão assistindo ao jogo da seleção.
O assunto futebol caiu para quinto plano. Não está colando. A pátria tirou as chuteiras e foi pra rua.
Ontem, a TV Câmara ficou em 4º lugar em audiência durante votação da PEC 37. A TV Câmara é o negócio mais porre do mundo. A audiência recorde é o interesse das pessoas pela política. É impressionante!. Quem tentar reduzir isto não está entendendo nada, ou está "se fazendo" (como dizem meus alunos).

Enfadonhas as análises dos sociólogos e analistas de plantão da mídia. Opinião encomendada dá sono. Uns forçam a barra tentando partidarizar a indignação. Outros forçam a barra puxando o saco do patrão.
Os amigos do rei pensam controlar a vontade popular, e insistem em tentar desqualificar a inteligência das pessoas que se manifestam. Estão cavando a própria sepultura.
O PT e o PSDB poderiam se unir visando 2014, seria mais sincero. De qualquer forma, o bicho vai pegar para os dois.

A versão de que "a presidenta ouviu as ruas" ou "o Congresso ouviu as ruas" é risível: equivale a admitir que até ontem eles não ouviam rua nenhuma. Eles não "ouviram" nada, eles estão é borrados de medo, com o xx na mão. Todos sabiam muito bem o que precisava ser mudado. Mas pra que mudar se eu estou ganhando muito do jeito como está?

As ruas falam contra políticos, Justiça, policias. Nenhuma instituição é poupada. Ninguém se sente bem representado ou defendido, e há todos os motivos para se pensar assim. A Justiça é cara, lenta, e decide em geral apenas a favor de uma certa classe social.

Reduzir todo o acontecimento aos atos de quebra-quebra é de uma pobreza lamentável, nem a grande imprensa conseguiu empurrar esta versão. Quando escuto esta conversa de alguém logo penso: "que pobreza de espírito".

A grande mídia também é alvo - o povo sabe de que lado ela sempre esteve.

Percebo um grande preconceito contra os jovens, vindo de todos os conservadores: de esquerda e de direita. Antes eles eram "acomodados", agora são "vândalos" e inconvenientes. Às vezes percebo um ar de ciúmes, como quem diz "eu adoraria ter sua idade" ou "eu fui assim um dia e me tornei isto"...
Uma ex-aluna me encontra (emocionada) na passeata: "Sôr, como é que a gente ia saber de tudo isso, se a gente nunca tinha experimentado?". Um outro publica no Facebook: "Agora entendo o que o professor Elenilton queria dizer com destino". O destino que a gente faz.

Figuras que conheci aos 20, que se diziam "revolucionários" e agora aos 40 se sentem com oitenta e repetem aquele bordão chato e ranzinza: "no meu tempo era melhor".

O nosso tempo é hoje.


[Parafraseando o Paulinho da Viola]


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