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10 maio 2013

Deus e o torturador





Digo em nome de Deus”, disse o assassino.
Deus deve sentir ânsia de vômito cada vez que um torturador fala seu nome.
E talvez por algum segundo cósmico se pergunta por que enfim ainda acredita no ser humano.
Na foto quem você vê é o Coisa Ruim, "aquele do qual não dizemos o nome" (como na "Vila" do filme).

Um torturador é a própria encarnação do pior que podemos imaginar numa pessoa.
Em sua face está materializada (e real) a parte mais amarga do fruto dos nossos sonhos mais sombrios.

Um torturador deve ser um pesadelo para si mesmo.
A tortura é sempre uma covardia, seja em nome de que ela for praticada.

Hoje o tal coronel Ustra falou em Deus e bateu na mesa. Deve ter batido assim na mesa todas as vezes que torturou alguém, matou, maltratou, mandou matar. Covarde.
A alegria de uma pessoa qualquer é a tristeza profunda dele. Verdugo, golpista, fariseu. Coisa Ruim.
Poderia ser condenado a uma prisão ainda pior que o seu mundo interior. Um lugar fechado e cheio de fotos suas enormes nas paredes, como que a apontar a direção do inferno.
Condenado a ter de suportar a imagem que revela no que ele se transformou. Seu próprio rosto sendo-lhe jogado na cara 24 horas por dia, como mil catarros.

Hoje os espíritos dos mortos apontaram o dedo para sua face.
Se ele tivesse coração já teria morrido.
Se tivesse sangue seu rosto poderia ficar, quem sabe, rubro de vergonha.

Quando os assassinos começam a ir para o banco dos réus começamos a falar em democracia.
O que tivemos até agora foi apenas um ensaio.
Que o sol entre e espante o mofo das prateleiras.
Abrir as janelas é o mínimo que podemos fazer.
Em nome das vítimas.


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