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29 maio 2013

Porto Alegre cada vez mais triste



Porto Alegre amanheceu mais triste hoje. Às 4 da madrugada um batalhão da Polícia Militar (aqui chamada Brigada Militar) atacou e prendeu os manifestantes que acampavam junto das árvores. 
O dia amanhecia e um batalhão de empregados já havia derrubado quase uma centena de árvores.
Tudo na calada da noite. Como nos tempos da ditadura militar. Tudo em nome da Copa do Mundo.
Não temos mais políticos, o que temos são empregados que despacham documentos para as grandes corporações como a Fifa.
E a Justiça?, alguém poderia perguntar. Que justiça, cara pálida?

24 maio 2013

Menino autista faz som

Olhem que maravilha isto! Um menino autista faz um som genial na máquina de lavar roupa.
Uma trilha sonora para o final de semana.
Garoto, eu te mando um abraçaço!





21 maio 2013

Dia livre de impostos

"Dia Livre de Impostos". Este é o maior papo furado do mundo.
O problema não é existir impostos, e sim quem paga e quanto paga.
No Brasil, os mais pobres pagam mais impostos que os mais ricos. Injusto demais.
Tem muito empresário malandro, que fala contra "os impostos absurdos", 
mas na hora que o governo baixa algum imposto ele não diminui o preço do produto para o consumidor.
Eles falam grosso contra o governo, mas são os primeiros a ir pedir financiamento público.
Capitalistas malandros, é o que eles são.

18 maio 2013

Essas coisas da vida

"A vida é feita de encontros, apesar de haver tanto desencontro nela". Não é assim a frase do Vinícius de Moraes?
Pois hoje relembrei alguns deles, assistindo ao programa da Ivete Brandalise na TV. Ivete é uma figura de frente na cultura do Rio Grande do Sul. Muitas boas entrevistas assisti e ouvi, em seu programa "As músicas que fizeram sua cabeça" na FM Cultura. Adoro entrevistas e sempre aprendo muito.
A única vez que a vi pessoalmente foi no lançamento do livro da "bruxinha" Amanda Costa. Autora e livro fantásticos.

Pois hoje tive a alegria de assistir meu (velho) amigo Orson Soares sendo entrevistado por ela.
Orson tem uma história muito interessante, e muitas histórias pra contar. Muitas delas de seu convívio com o "papai" Grande Otelo, um dos maiores atores que já esteve nos palcos e telas deste país, ícone negro da cultura brasileira.

Conheci o Orson na rua, literalmente, nos movimentos em que estivemos metidos nos bons anos de redemocratização, onde ser petista era o mesmo que estar contra o sistema. Orson era do Partidão, e lembro bem dele batendo pernas por São Leopoldo fazendo sua campanha quixotesca.

Pois a roda do tempo seguiu girando e uns 10 ou 15 anos depois era exatamente ele que me substituiria na escola Helena Câmara. Por pura coincidência, em maio de 2006 (quando saí da escola) foi ele quem foi enviado em meu lugar. Se tivessem me pedido uma indicação, era ele mesmo que eu indicaria. No meio daqueles sentimentos desencontrados de tristeza por sair de um lugar que eu adorava, veio a notícia surpreendente de que o Orson seria o novo professor de História. Impressionante.

O Orson é o parceiro do grande Walter Lippold. Tenho a impressão que todos/as vocês qualquer dia destes vão ouvir falar dele/s. Eles acreditam no que fazem e colocam em prática seus projetos no Coletivo Fanon, nome baseado no filósofo revoltado. E são um tipo de ativistas bem com a cara do nosso século: usam bem a tecnologia, as redes de comunicação, aliando a isto o estudo sério e a organização do pensamento e da veiculação das ideias.

O "tio Vinícius" de quem fala o Orson falava de encontros e foi protagonista de muitos deles.
Na Restinga um dia o Walter veio me falar que havia um "aliado" por lá, segundo o que havia lhe dito o Orson. O aliado era eu, era o que ele acabara de descobrir.
E assim se fechava mais um círculo, ou melhor, se ampliavam mais círculos e horizontes comuns.
Essas coisas boas da vida!

16 maio 2013

União civil de pessoas do mesmo sexo

Sou heterossexual e estou muito feliz por este avanço civilizatório que é o direito das pessoas do mesmo sexo casarem. A mim sempre pareceu um direito meio óbvio. Se as pessoas se gostam, se amam, e querem casar...por que a sociedade haveria de impedi-las?
É ridículo imaginar que um direito conquistado por quem não é igual a mim me ameace de alguma maneira. Ao contrário. O que torna a vida interessante é essa diversidade toda.
Os mesmos que hoje falam que "a família vai acabar" disseram antes que o divórcio iria levar a sociedade ao fim. E há mais tempo, que o fim da escravidão seria a ruína econômica do Brasil.
O "fim" é a intolerância, a violência, o preconceito que leva as pessoas a agredirem ou até matarem quem elas julgam ser o "errado" ou o "imoral"...

10 maio 2013

Deus e o torturador





Digo em nome de Deus”, disse o assassino.
Deus deve sentir ânsia de vômito cada vez que um torturador fala seu nome.
E talvez por algum segundo cósmico se pergunta por que enfim ainda acredita no ser humano.
Na foto quem você vê é o Coisa Ruim, "aquele do qual não dizemos o nome" (como na "Vila" do filme).

Um torturador é a própria encarnação do pior que podemos imaginar numa pessoa.
Em sua face está materializada (e real) a parte mais amarga do fruto dos nossos sonhos mais sombrios.

Um torturador deve ser um pesadelo para si mesmo.
A tortura é sempre uma covardia, seja em nome de que ela for praticada.

Hoje o tal coronel Ustra falou em Deus e bateu na mesa. Deve ter batido assim na mesa todas as vezes que torturou alguém, matou, maltratou, mandou matar. Covarde.
A alegria de uma pessoa qualquer é a tristeza profunda dele. Verdugo, golpista, fariseu. Coisa Ruim.
Poderia ser condenado a uma prisão ainda pior que o seu mundo interior. Um lugar fechado e cheio de fotos suas enormes nas paredes, como que a apontar a direção do inferno.
Condenado a ter de suportar a imagem que revela no que ele se transformou. Seu próprio rosto sendo-lhe jogado na cara 24 horas por dia, como mil catarros.

Hoje os espíritos dos mortos apontaram o dedo para sua face.
Se ele tivesse coração já teria morrido.
Se tivesse sangue seu rosto poderia ficar, quem sabe, rubro de vergonha.

Quando os assassinos começam a ir para o banco dos réus começamos a falar em democracia.
O que tivemos até agora foi apenas um ensaio.
Que o sol entre e espante o mofo das prateleiras.
Abrir as janelas é o mínimo que podemos fazer.
Em nome das vítimas.


08 maio 2013

O leite adulterado dos filhos dos outros


"Investigado pediu que leite dos filhos fosse separado antes da mistura".
Esse é o legítimo canalha, espertalhão, o melhor produto do pior capitalismo.
Tudo errado, desde o sofrimento dos animais até o descaso com os humanos.
Um grande exemplo do quanto é mentirosa a "auto regulação do mercado", o papo furado dos liberais.
Caras como este (sem o crime vindo à público) são vendidos para nós como grandes exemplos de sucesso, de empreendedorismo. Ganham prêmios e colunas sociais. Bandidos, é o que eles são.
Quanta gente já não enriqueceu neste país fazendo coisas deste tipo?

03 maio 2013

A memória e o meu sapato sujo


 Vou indo até a Restinga, como faço quase todos os dias, e vendo a antiga Zona Sul desaparecer. Onde era verde agora é condomínio. Onde era árvore agora é clarão, concreto, prédio feio. Não sei por que Porto Alegre anda com esta mania de coisa feia, e ainda nem comecei a falar de mim.
Lembro de estar em algum boteco comento um prato feito. Era um sábado pela manhã. Bendita memória! O repórter do jornal da RBS na fila de votação para as “assembleias populares” do Plano Diretor. Perguntou para as pessoas: “O que vocês vieram fazer aqui?”. Ninguém sabia dizer. Eram pessoas simples. Estavam ali porque haviam ganho uma cesta básica e não lembro que quantia em dinheiro. Tudo pago pelas indústrias da construção, vulgarmente conhecidas como empreiteiras.
Esta foi a forma altamente democrática como a principal lei que organiza a ocupação da cidade foi mudada. Bairros residenciais viraram inhaca. Tudo, claro, escolhido pelo povo. E quem era o secretário municipal responsável por essa beleza de processo democrático? Bingo! O nome dele era... José Fortunati.
Mas por que cargas d'água estou falando tudo isto? Não sei, mas aquele prato feito estava mesmo uma delícia. E barato. Provavelmente melhor do que a comida que se serve lá no Presídio Central.
Ando pensando nisso. E naqueles pobres homens de bem que foram presos, acusados de negociar licenças ambientais. Tudo conspiração da Polícia Federal tentando denegrir a imagem dessa gente de conduta ilibada. Nossa! Falei bonito mesmo. Me senti até um advogado nessa hora.
O deputado José Otávio Germano disse que só ele e Deus sabem o que ele passou nos últimos anos. Que lindo isto, me emocionei. Tudo acusações falsas. Só Deus deve mesmo saber por que ele foi denunciado como o chefe da quadrilha que roubou 44 milhões do nosso dinheiro.
É claro que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Dinheiro que some no Detran e secretários de meio ambiente que vão nanar no Centralão. E é mera coincidência que o prefeito hoje seja aquele mesmo secretário do dia em que eu estava no boteco, comendo aquele prato feito.
Veja como a memória da gente é maluca. Lembrei que Fortunati já anda por estas bandas há uns bons trinta anos. Tô ficando velho, mano. Ele já foi sindicalista, deputado daqui e de lá, vice-prefeito do PT, vereador do PT (de novo), secretário de educação do estado governado pelo PMDB, secretário municipal de um monte de negócios, vice-prefeito do PDT, prefeito. Ufa! Quanto cargo! E quantos amigos ele não deve ter. A amizade é tudo na vida.
Em todos estes cargos que ocupou ele deixou sua marca. Qual é a marca, você me pergunta? Ah...bom...deixa eu pensar. Perdão, só um pouquinho. Preciso parar um pouco de escrever. Pisei num cocô.
Já estou de volta. Sobre o que falávamos mesmo? Licenças ambientais, José Otávio, cadeia, prefeitura de Porto Alegre, prato feito. Desculpe, mas fiquei meio tonto aqui. A cidade é tão grande e o presídio tão apertado pra tanta gente. Deixa eu ver meu sapato. É que o cheiro está ruim mesmo, sabe como é. Não adianta ficar escrevendo bonito se o sujeito fica andando por aí com o sapato cheio de cocô. E você sabe que a cidade está cheia de sujeira por todo lado. Precisando de uma limpeza geral. O lixo pesado não dá nem pra reciclar.
Tá, prometo que não mudo mais de assunto. Confesso que não sei qual é a marca do Fortunati. Já sei: vou perguntar pro Kiko!
Talvez a sua marca seja aquele sorrisinho, que de tão repetido já grudou e não sai mais. Nem plástica mais resolve. Tadinho.
Outro dia ele disse que “o secretário Záchia é a cara da nossa administração”. Pois não é que a cara da nossa administração andou na cadeia? Como é que a gente faz quando a cara da gente vai presa? Pensei em conversar sobre isso com meu amigo Lasier, que sempre sabe de tudo. Convidei-o para tomarmos um café na Cidade Baixa mas não teve jeito. O lugar está tomado por anarquistas mascarados, estes perigosos.