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28 março 2013

Caixa de perguntas - depoimentos

Se você participou ou participa da experiência da CAIXA DE PERGUNTAS
e lembra de alguma situação que lhe marcou, envia pra mim.
Estou colocando mais depoimentos no livro.
Pode ser uma pergunta, um momento, um diálogo...
O livro sai em breve.

Meu e-mail: leleneukamp@yahoo.com.br



Olha só um pouco do que vai aparecer nele:


21 março 2013

Pacto de mediocridade na educação

Para quem vive no meio não assusta a notícia sobre as redações do Enem. Avaliadores denunciam que foram aconselhados a facilitar aprovações. Assim, vale quase tudo nas redações. Até mesmo hino de time de futebol e receitas de miojo. O cara "patifa" na prova e ainda tira uma nota boa. 
Mais lamentável é ouvir na Rádio Gaúcha uma autoridade defender estes "critérios" tão frouxos.

Em Porto Alegre sabemos muito bem como funciona.
Chega o final do ano e a Smed (Secretaria Municipal de Educação) vai até as escolas e pressiona para que haja o máximo de aprovações. Pouco interessa se o/a estudante sabe alguma coisa, se frequentou as aulas.
A falta de seriedade é tão grande, que há alunos meus que me perguntam: "Professor, por que eu passei de ano se eu nem vinha mais à aula?". Nem eles entendem a lógica. Para ser aprovado, é mais fácil não fazer nada e não frequentar as aulas. 
Muitas vezes você nem precisa saber formar uma frase para completar o Ensino Fundamental.
É tudo uma questão numérica, de quanto custa cada aluno para o município. 
E não há nada de bom coração nisto, nesta mania de "passar" todo mundo de ano. Ao contrário. Os pobres que se danem. Mal formados, não irão lá na frente disputar espaço na sociedade com os filhos destes que inventam normas e progressões automáticas. Aos pobres nada, ou quase nada. Apenas diplomas vazios. 
O que importa são os números para serem repetidos como mantras nas campanhas eleitorais.
Tudo mentira, como bem desconfiam minhas leitoras e leitores.

É um grande pacto de mediocridade. Não é ao acaso que os jovens chegam assim no final do Ensino Médio. Sua capacidade de aprender foi subestimada. 
Quando perguntada sobre as notas baixíssimas dos estudantes das escolas municipais (nas provas do ensino fundamental), a secretária de educação de Porto Alegre não vacilou. Disse que não estava preocupada, pois o número de reprovações havia diminuído muito. 
Ela apenas esqueceu de dizer que elas diminuíram artificialmente, na pressão, e não porque os alunos/as tenham aprendido mais ou o ensino melhorado.



(Charge do Tacho, o melhor chargista do Rio Grande do Sul)

19 março 2013

Uma singela sugestão


Minha singela sugestão:
Já que a única preocupação é com esta maldita Copa do Mundo, sugiro que os atuais governantes de Porto Alegre derrubem tudo que for necessário para fazê-la: árvores, vergonhas, avenidas, escrúpulos e tudo mais. Saqueiem à vontade.
Mas assim que acabar a Copa, no minuto seguinte, abandonem seus cargos e a cidade.
Levem junto esta multidão de "cargos de confiança", este bando de medíocres e cúmplices que não fazem muito mais do que engordar com os gordos salários.
Sobre o lixo que vocês deixarem poderemos então reconstruir outra cidade.



Não sentiremos saudade.






(Imagem: http://www.whoisnemos.com)

05 março 2013

A maior de todas as revoluções




Ana viu o futuro e ele era um jovem franzino que parecia fantasiado com seu minúsculo bigode.
Chegou-se de uma cidade distante. Era de um tempo em que se acreditava que o exército transformava um menino em um homem durante um ano de exercícios e humilhações constantes.
Então assim já homem feito foi logo combinando com o dono da casa o casamento com a filha.
Talvez tenha visto a moça uma vez. Ela, entretanto, nunca o vira antes.
Por uma fresta entre as tábuas velhas da parede Ana viu aquele a quem o mundo escolhera como seu marido. O mundo dos homens do início do século XX.
Ao lado dele, com o primeiro filho, seu olhar rebelde de criança assustada quase dá cor ao preto e branco da fotografia.



Minha amiga não gostava de sua avó.
Não conseguia entender porque a velha mulher era tão rude e estúpida com seu querido avô. Ele sempre tão meigo, tão bom, a brincar com os netos.
Enquanto o avô dava atenção às crianças, a velha bruxa ficava prostrada em seu canto, quieta e raivosa. Ela era má. Ele sem dúvida representava o bem. Não havia dúvidas de quem seria um dia condenado por deus. Cada palavra que ele lhe dirigia era respondida com uma agressão verbal. Às vezes ela sequer falava. Sua resposta era um grunhido.
Quando o avô morreu foram prestadas todas as homenagens que se prestam a um bom cristão. E é claro que não faltaram as flores para dar um tom de esperança e vida ao cortejo fúnebre.
Dias depois a avó quebrou um silêncio de décadas e reuniu os netos para contar-lhes um segredo.
Quando era ainda uma menina de doze anos, distraída com suas bonecas e brincadeiras, foi atacada por um homem mais velho quando voltava da roça. Violentada e violada brutalmente, voltou para casa arrastando-se entre o sangue e a vergonha.
Como um pequeno animal acuado, tremia desesperada quando caiu nos braços da mãe. Estava quase irreconhecível.
A boa sociedade não teve dúvidas do que fazer. Que se colocasse uma pedra sobre o assunto. O casamento e o silêncio eram a melhor solução.
Minha amiga passou a amar a sua avó, e o avô teve sua segunda e pior morte.


Naqueles anos – nas cidades iluminadas que Ana e a avó de minha amiga não conheciam - milhares de mulheres coloriam as ruas com suas cores e desejos. Não queriam mais ver o mundo através das frestas, nem tampouco ser obrigadas a casar com estupradores.
Começava a maior de todas as revoluções: a revolução das mulheres.

02 março 2013

Faltam mangueiras e responsabilidade


Piada pronta: Problema da Tia Carmen é falta de mangueiras...hehehe!

     Mas, falando sério, é triste perceber que só agora a Prefeitura de Porto Alegre descobriu que é sua OBRIGAÇÃO fiscalizar as casas noturnas.
     Umas 30 foram interditadas até agora, inclusive algumas do tipo Carmen's e Gruta Azul. Não fiscalizava ou fazia de conta? Irresponsabilidade? Corrupção? O que houve?
     Em outras palavras, estávamos diante de dezenas ou centenas de possibilidades de outras tragédias como a de Santa Maria, a cada final de semana...