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03 outubro 2011

De publicilismos e jornalidades

Pior que propaganda besta com a Gisele Bündchen, só mesmo o comentário de João Pereira Coutinho na Folha (falando sobre a propaganda machista protagonizada pela modelo). O cara é pago pra escrever, lá de Portugal, e se limita a repetir o jargão de que a publicidade "é assim mesmo".
Que a publicidade é o lugar privilegiado da mentira todo mundo sabe. A ARMA do negócio, porque no negócio não há alma nenhuma. Daí concluir que devemos engolir qualquer porcaria que nos lançam é outro papo. Por estas e outras não gosto do "olho de vidro" (como bem cunhou a Marcia Tiburi). Você liga a TV e vem aqueles sujeitos berrando (do tipo Casas Bahia), os carros velozes que levam qualquer um ao paraíso, ou um grupo de babacas sentado bebendo cerveja e falando alguma bobagem sobre a mulher gostosa que passa. Repetição e mais repetição de fórmulas pra lá de antigas.
Os jornalistas adoram babar o que chamam de "genialidade" dos publicitários. Não é de admirar. Salvo raras exceções em ambos os grupos, uns e outros vivem da ignorância alheia. A "genialidade" da publicidade brasileira é alicerçada na pouca formação e na infantilização de boa parte da população.
Isto sem falar dos grandes esquemas de corrupção cada vez mais comuns (envolvendo campanhas publicitárias superfaturadas que financiam campanhas eleitorais). Mas este é um tema proibido.

O jornalismo brasileiro anda tão miserável, que sequer trabalha com a possibilidade da crítica. Os jornalistas, em geral, se comportam apenas como os empregadinhos que repetem o discurso do patrão. Imagino os donos de jornais como sujeitos entediados, rodeados do famoso cordão dos puxa-sacos. Deve ser chato.
Se você ouve um já ouviu todos. Fascinados pelo meio e esquecidos da mensagem.

No Rio Grande do Sul são os radialistas chatos (por aqui temos o hábito de ouvir rádio). Para cada notícia, dez comentários. Os caras leem dez linhas sobre um assunto (recolhidas no Google) e já saem fazendo discursos. 99% das vezes - que coincidência - são falas condenando quem se manifesta, quem abre a boca, quem não repete aquilo que o chefe mandou dizer. Nós professores somos grandes vítimas, pois sempre há um comentarista disposto a dizer qualquer coisa sobre a educação ou como devem ser as nossas aulas. Eles não sabem NADA sobre educação, novamente em 99% das vezes. Certa vez desafiei um deles a trocar de lugar comigo por uma semana. Eu trabalharia na rádio e no jornal, ele daria minhas aulas. Uma semana apenas. Sei que teria muitas dificuldades, mas conseguiria produzir reportagens e veiculá-las. Entretanto, tenho minhas dúvidas se ele daria conta da tarefa de ensinar 10 turmas de adolescentes de periferia. Aliás, desconfio que aqueles discursos contra os professores iriam desaparecer em menos de um período (da aula que ele não conseguiria dar).

A última foi aquela "polêmica" tosca inventada pela própria mídia sobre o livro de Português. Nenhum deles leu o livro. Um ficou comentando o comentário do outro (Um amigo meu diria: "pura punheta"). E repetindo aquele discurso moralista que até poderia fazer algum sentido se eles realmente acreditassem no que estão falando.

Também gostam de condenar genericamente "os políticos". Falar mal dos políticos virou esporte. Só que, quando estão frente a frente com um deputado ou ministro (político, então) derramam-se em elogios e paparicações. Lamentável.

Por estas e por outras me informo mais pela Internet mesmo. E parece que muuuita gente também.
E ficamos aqui, eu e o Érico, escutando música e brincando.
Aprendo mais com meu filho que ainda nem sabe falar do que aprenderia com os sábios comentaristas acomodados nas rádios e na ditadura do olho de vidro.

Um comentário:

  1. Olá meu kerido amigo, á pouco li sua postagem no blog, dando suas expectativas em relaçao ao Jornalismo e a Publicidade.
    particularmente, creio que o novo seja inadimissível á sociedade, até que alguém o tenta e o faz bem feito!
    acredito muito nas formas de comunicações diversas, e no poder que a palavra, a imagem, os gestos, nos aproxima de fatos, idéias, costumes. do anitgo que passou, do antigo que se perpetua. Do novo que chegou, e do novo que continua!
    A informação, a notícia, a idéia, a opinião, são presentes em nosso cotidiano seja pela leitura, por uma pesquisa, pela própria imagem que em muitas vezes fala por si, enfim... o mundo é uma engrenagem que esta o tempo todo em constante mudança, e eu acredito nisso, pq sou parte dele!
    o jornalismo não é apenas feito por fantoches. Acompanho e compartilho a idéia de muitos que não só reclamam, mas procuram o 'por que' onde já tem ponto final.
    acredito no jornalismo sarcástico que defende interesses, aborda a realidade, que informa mas que participa, com ou sem humor. Acredito muito no poder da informção e nas inúmeras formas de como a mesma notícia pode ser passada ou repassada!
    Isso é ousar o novo! Não se submeter ao que já estava, apenas por ter chego primeiro. Suas postagens, seu blog, suas idéias, suas expectativas, são provas de que voc~e não precisa assistir ao notíciario das 'oito' pra estar participando e fazendo jornalismo!
    Involuntariamente fazemos isso o tempo todo!!!
    adorei ler a sua postagem.
    é sempre muito bom ter contato com novas visões. É exatamente isso oque me estimula, a liberddae de expressão, mesmo quando o paradigma é ouvir e calar!
    obrigada querido amigo... beijos

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