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30 junho 2011

Aqui e na Cochinchina

O Presidente da Ajuris (associação dos juízes do RS) me diz que eles não são parte da elite. Seus salários andam na casa dos R$ 30.000,00 mensais. Humm...creio que nossas concepções da palavra "elite" não se confundem.
No Brasil todos são contra a tal elite, até mesmo ex-presidentes que recebem fortunas para dar palestrinhas para almofadas e colarinhos de renda.

Nada contra alguém ganhar 30 mil reais de salário. A questão é que, quando se trata de serviço público (sobretudo em um país pobre) a conta é paga por todos.

No Brasil, a Justiça só tem sido rápida quando seus interesses e privilégios são contestados. E são privilégios de uma verdadeira casta. Não está sendo diferente agora, no caso do aumento do desconto previdenciário para os magistrados e demais servidores que recebem salários acima do teto estabelecido pelo Inss.

No estado do Rio Grande do Sul, a grande maioria do funcionalismo ganha seus míseros mil reais e alguma coisa ao mês. Os 15, 20, 30 mil reais dos altos escalões são um contraste violento.

Por isto tudo, estou a favor do desconto maior de previdência para os altos salários, recém aprovado por aqui.
Não é justo que a população fique pagando esta conta exorbitante.

O dinheiro que é usado para pagar altos salários e altas aposentadorias é o mesmo dinheiro que NÃO aparece para consertar escolas, iluminar ruas, contratar médicos, melhorar postos e hospitais etc.

Quem trabalha diretamente com a população, como nós professores, sabe muito bem do que estou falando. As carências são absurdas.

Por isto estranho a postura do sindicato de professores gaúchos (Cpers), defendendo com unhas e dentes a continuação de uma falsa igualdade (entre desiguais).
Nunca vi um juiz participar de passeata para defender salário de professores. Aliás, salvo raras e honrosas exceções, só tenho visto juízes vindo à público defender seus próprios interesses. Ou então falar bobagens, como aquele reacionário que tentou invalidar uma união entre homossexuais (depois de uma decisão favorável do STF sobre o tema).

Sim, já sei o que vou ouvir. Que este raciocínio é simplista, que tudo é mais complexo e blá blá blá. Tudo bem. Mas persisto em meu simplismo: é injusto, profundamente injusto, que a diferença salarial entre pessoas com o mesmo nível de formação chegue a vinte ou trinta vezes.
É injusto, profundamente injusto, que toda uma população continue pagando os privilégios de 2 ou 3% do funcionalismo público hiper bem pago.

Isto aqui, no Rio, em Sergipe, na China, Itália, no Irã ou em qualquer lugar. E até na Cochinchina que, para quem não sabe, existe e está no mapa.

12 junho 2011

SMED: silêncio constrangedor sobre o plágio

Em 2010 os professores/as da rede municipal de ensino de Porto Alegre realizaram vários encontros, divididos por área de atuação, de onde resultaria um documento com os referenciais curriculares da cidade. Os professores levaram a sério as discussões. Algumas geraram grandes polêmicas, como entre os professores/as de História.

Estes encontros e discussões não foram levados a sério pela Secretaria de Educação da cidade. O documento saiu em abril de 2011, mas logo descobriu-se que era um plágio de documentos de prefeituras e escolas particulares.
Entre os professores, o caso vergonhoso virou piada e é conhecido como "Control C e Control V" ou "Recortar e Colar". Diz-se nas escolas que para trabalhar na Smed basta saber recortar e colar.
Porém, não há do que rir. O fato demonstra um grande desrespeito, em muitos sentidos, e como a educação é muitas vezes tratada em nosso país. Além de tudo, gasta-se dinheiro público remunerando pessoas para copiar documentos alheios e publicando um material que é resultado de um crime (plágio).

Abaixo, reproduzo manifestação da vereadora de Porto Alegre Fernanda Melchiona sobre o fato.
Até agora, passados quase dois meses, a Secretaria de Educação de Porto Alegre não se pronunciou sobre o caso. As únicas aparições públicas da secretária neste período foram para fazer ameaças aos professores grevistas (no mês de maio).
Também não se tem notícia de qualquer tipo de punição aos autores do plágio, e tampouco quem eles são.

Seguimos esperando que acabe este silêncio constrangedor e que as autoridades em Educação da cidade se manifestem.
A continuar este "faz-de-conta que nada aconteceu", a Smed perderá ainda mais a credibilidade entre os professores e professoras da rede. E caminharemos para um período lamentável onde pouco ou nada do que virá da Secretaria será levado a sério nas escolas.



SMED faz plágio de documento da internet


A vereadora Fernanda, na tarde de segunda-feira (18/04), denunciou na tribuna da Câmara a Diretoria Pedagógica da Secretária Municipal de Educação que plagiou documentos publicados na Internet pela Prefeitura de Niterói. Segue o discurso da vereadora:

“ venho aqui para discutir um tema muito importante para a cidade de Porto Alegre, que são as referenciais curriculares para o Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre.


Em primeiro lugar, cabe resgatar aos nossos ouvintes que as referenciais curriculares são fundamentais para prospectar o planejamento das ações pedagógicas em cada um dos Ciclos que existem na nossa Rede Municipal de Ensino, e que essas referências curriculares, evidentemente, têm que ser construídas a partir da gestão democrática e da oitiva dos professores, das associações, daqueles que constroem a política educacional.

Muito me espantou, Vereadoras e Vereadores, que o documento apresentado pela Secretaria Municipal de Educação, pela Diretoria Pedagógica do Ensino Fundamental copia parágrafos inteiros de documentos curriculares de outros Municípios, mostrando duas coisas. Primeiro: a ineficiência ou a ausência de uma Diretoria Pedagógica que trabalhe com os referenciais curriculares, de maneira correta, honesta, levando em consideração as especificidades e as necessidades de Porto Alegre. Segundo: ficamos chocados, porque nós, bibliotecários, professores, combatemos o plágio. Na escola, nós sempre discutimos a importância da pesquisa escolar, de os estudantes produzirem o seu próprio conhecimento a partir das leituras; a necessidade de referenciarmos, quando pegamos o material de um outro autor.

E imagine que a Prefeitura, a Secretaria Municipal de Educação, que deveria ensinar os estudantes a fazer pesquisas escolares, está utilizando trabalhos copiados de outros municípios do Brasil. Isso é inaceitável! Isso é plágio! Isso mostra uma ausência de assessoria pedagógica comprometida na Secretaria Municipal de Educação. E eu quero pedir explicações. Quais serão as medidas cabíveis desse plágio?

E, para não fazer nenhuma acusação vazia, eu trouxe os documentos para mostrar aos Vereadores. A apresentação dos referenciais curriculares da SMED de Porto Alegre é igual, todos os parágrafos são iguais – iguais! - do início ao fim, aos do documento publicado anteriormente pela Prefeitura de Niterói, disponível na Internet. Estou aqui com os documentos e acho que a Câmara Municipal tem de intervir nesse assunto.”

(disponível em http://www.fernandapsol.com.br/imprensa.php?id=394 ).

08 junho 2011

Eduardo Galeano dá o recado

http://www.youtube.com/watch?v=mdY64TdriJk&feature=share

Entusiasmo é "ter os deuses dentro".
Galeano vai até os gregos antigos buscar o que dizer sobre a energia
que nos move até hoje. A encontrar os outros nas praças, nas ruas.
E tentar sempre inventar um novo não. Algo que diga do nosso desacordo
com este mundo caduco.

E como na mitologia antiga, que do Caos gerou a Terra Mãe,
temos que parir novos dias. Engravidar a vida de outros rumos.
Nas praças da Espanha. Aqui. Ali. De dentro e em todo lugar.

Há vida.

07 junho 2011

Palocci e o capitalismo

O caso Palocci foi notícia nas últimas semanas. Um ex-ministro da Fazenda que sai de um governo sob várias acusações e depois enriquece dando "consultoria" à empresas. Seu amigo Zé Dirceu já havia feito o mesmo.
O sujeito enriqueceu 20 vezes em quatro anos.
Jogo de interesses e a venda de informações privilegiadas? Com certeza.
Tá, até aí todos concordam - mesmo os que fingem ingenuidade.
Ele caiu do governo e volta para seus luxos, desfrutar os milhões que faturou.
Ponto final ao que parece, pois sabemos bem que a rica Justiça é lenta para julgar os seus.

Todos que criticaram Palocci, sempre começavam suas falas (num tom sério) dizendo que "é direito de qualquer um ter uma grande evolução patrimonial, mas...". E que não há problema algum em uma empresa de consultoria lucrar tanto, se não fosse esse o contexto.

Me incomoda muito esta normalidade, estas "evoluções patrimoniais" defendidas pelo centro, esquerda, direita e retaguarda.
Legalmente ou ilegalmente, é justo que alguém lucre tanto?
Faz sentido um sistema onde um homem pode acumular tanta riqueza em tão pouco tempo?

O capitalismo é insano em muitos sentidos. Este do acúmulo infinito de riqueza talvez seja o maior deles. Qual o sentido em um homem sozinho ter um patrimônio maior do que tudo o que possuem outros 500 milhões de homens?

Danem-se os teóricos que tentam justificar tamanho absurdo (embora andem sumidos).
Danem-se as leis que o justificam.
E todos os lambe-botas que ocupam diariamente espaços nas mídias, tentando nos vender a ideia de que o mundo sempre foi assim e de que não há coisa alguma a fazer...

06 junho 2011

Vulcão, a Terra viva




Fotos surpreendentes do vulcão Puyehue, no Chile.
As imagens falam por si.

Registros do fotógrafo Cláudio Santana (AFP).

02 junho 2011

No Twitter @LeleNeukamp

"Marcha pela família" contra o projeto que criminaliza a homofobia. Humm..já vimos uma marcha assim antes, e deu no que deu. Idade Média.

Interessante este documentário "Um lugar ao sol":

Não entendi muito bem o que o CPERS está pensando, defendendo os altos salários do estado do RS. Nenhum professor será afetado pela medida.

A extrema esquerda, quando defende privilegiados do Estado, fica bem parecidinha com a direita. Isto de PSTU e PSDB juntos no RS é cômico.


Com a Irmã Dilma se ajoelhando diante da bancada evangélica, até o Fernando Henrique acaba se tornando um sujeito de esquerda.

FHC está certo. É mais do que hora de acabarmos com esta hipocrisia em relação à maconha no Brasil.

Engraçado que um senhor de 80 anos tenha que vir nos dizer que precisamos descriminalizar a maconha. Nós, os "jovens", envelhecemos?