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20 maio 2011

Paralisação dos servidores de Porto Alegre

O material enviado pela Prefeitura para as direções de escolas soa um pouco como ameaça. "Descontar os dias"; como assim? Não somos governados por um prefeito que foi sindicalista? O senhor José Fortunatti está disposto a manchar a sua trajetória política com este tipo de ameaça aos servidores? Não quer ele ser candidato à reeleição?
São perguntas que minha mente insiste em formular. Nem todas as pessoas têm preguiça de pensar, e penso até que são muitas que insistem em fazê-lo - mesmo que alguns queiram muitas vezes nos tratar como idiotas.

Aliás, como perguntar não ofende, gostaria de saber: o Prefeito Fortunatti não teria outro assessor para cumprir o papel de negociar com os servidores? Não sou membro da direção do sindicato, nem possuo qualquer autorização para falar em nome de qualquer pessoa que não eu mesmo. Mas creio que na condição de servidor e cidadão desta cidade tenho o direito de questionar. Precisamos mesmo 'engolir' a figura de um Busatto?

Se minha memória não me engana (e ela não costuma me enganar), este mesmo senhor que agora surge como interlocutor privilegiado do Prefeito, há algum tempo atrás foi afastado do Governo do Estado por conta de uma gravação feita pelo antigo vice-governador. Eu ouvi muito bem aquela gravação nas rádios, sei muito bem o que foi dito, e não posso deixar de sentir certa náusea cada vez que vejo este senhor na televisão. Como várias outras pessoas me dizem a mesma coisa, resolvi então escrever. Sei que está fora de moda no Brasil isto de ser honesto e exigir vergonha, mas assumo minha cafonice. Não quero estar na moda. Se estivéssemos num país sério, o senhor Busatto estaria em outro lugar e jamais em um cargo público.
Quando saiu do Governo do Estado, lhe perguntaram o que ele faria. A resposta foi a seguinte: "Agora serei um réles funcionário público". Hoje ele é quem fala em nome do Prefeito com todos os réles funcionários públicos de uma capital chamada Porto Alegre.

Por estas e por tantas outras é que eu vou parar na segunda-feira.


Elenilton Neukamp, professor de Filosofia.

7 comentários:

  1. Olá como professor municipário temos que exigir que daqui para frente a presença do Prefeito Fortunati nas negociações !
    Independentemente dos interesses políticos do prefeito, que são legítimos, não nos acovardemos pela ameaça ! Vamos em frente juntos!
    Alexandre Machado

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  2. Olá, Elenilton!

    Concordo totalmente com o que você diz. Não dá para entender de onde sai tanta gente ordinária neste país! Passando dos 40 anos, já estou cansado da brutalidade da vida brasileira e da nossa política mesquinha. Não dá pra entender o que esses caras têm na cabeça... ou aliás dá, sim!... Como essas criaturas são falsas, tudo isso é muito nojento. Como os brasileiros são covardes! Como é fácil governar o povo brasileiro!
    Abraço

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  3. (Recebi por e-mail)


    Resolvi escrever para expressar algumas opiniões sobre o tenso momento em que viviemos em relação ao dissídio da categoria.

    1 - Em primeiro lugar, concordo com o Elenilton. A meu ver são corretas e oportunas suas observações.

    2 - A ameaça de descontar os dias parados (e outras que virão!) fazem parte do jogo. Não podemos ser ingênuos de acreditar que o governo não fosse esboçar reação alguma. Porém, também critico veementemente essa ameaça, pois fere todos os princípios das justas manifestações e reivindicações de qualquer categoria profissional. A greve é um legítimo recurso nos momentos de impasse.

    3 - Assim, acredito que não devemos mudar em nada o que ficou acertado pela nossa categoria e, especificamente, em nossa escola. Se a cada ameaça entrarmos em pânico ou recuarmos fica evidente ao governo que não temos o controle e a convicção de nossas decisões. Não podemos ser controlados por manobras desse tipo.

    4 - O direito individual a não participar do movimento não pode ser maior do que o justo direito de uma categoria de mobilizar-se e reivindicar seus direitos. Digo isso porque vejo uma extrema preocupação em garantir todas as condições de trabalho para os professores que não irão aderir às manifestações. Professores, coordenadores e direções: somos todos trabalhadores da educação. Quando estamos em paralisação, cada grupo desses deixa de fazer suas atividades cotidianas em forma de protesto.

    5 - O coletivo deve ser sempre maior que o individual. Acredito nisso, apesar da intensa campanha individualista da atualidade. Por isso, professores dando aulas enquanto a categoria está em paralisação, além de causar um enorme transtorno aos alunos e suas famílias (que vem em um horário e não em outro, devendo recuperar igualmente a carga horária não oferecida), também é um ato que desqualifica todos os trabalhadores em mobilização, especialmente os que decidiram paralisar suas atividades em denúncia à precária oferta dos serviços públicos.

    6 - Por fim espero, sinceramente, que obtenhamos avanços e que a situação de impasse não se prorrogue. Porém tenho certo também que o maior envolvimento de todos é o caminnho para que esses avanços efetivamente ocorram.



    Rafael Peter de Lima, professor de História

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  4. (Via e-mail)

    caro elenilton
    parabéns! muito bom! fiquei indignadíssimo com as ameaças do busatto.esse teu texto tinha que dar um jeito de parar na atempa, simpa, smed, prefeitura e escolas da rede
    abraço,
    valdy junior
    (o gilberto jorge também para na segunda)

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  5. Prof. Elenilton, o Busato é que nem um piolho na vida dos professores, principalmente... eu vivenciei como professor a passagem
    dele na secretaria da fazenda do estado... e agora no município, a arrogância é a mesma ou mais... e também, me lembro muito
    bem, nas paralisações no final da década de oitenta para o ínicio da de noventa, cansei de participar de passeata ao lado do nosso
    atual prefeito, como vereador e candidato a deput. estadual... É isso aí mesmo o que tu falas, nem mais nem menos...abrç. prof.josé

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  6. (E-mail que recebi de uma professora da rede municipal)

    Elenilton:
    Fiquei indignada com a fala do Prefeito, o escutei na Gaúcha
    fazendo o relato do nosso salário. Durante a tarde estava
    no Hospital Porto Alegre, pois meu salário não me permite
    pagar uma UNIMED, e um senhor aposentado do DMAE
    com o mesmo sentimento meu questionava a quem ele,
    o prefeito pensa que estava enganado trazendo estes
    depoimentos.
    O problema que quem o escuta é a população.
    Meu vencimento base M5 A, por 20h, é de 1.747,70, sem
    as vantagens que o mesmo relatou pelo rádio, com 14 anos
    de rede municipal.
    Vou até a secretaria responsável pelos nossos vencimentos
    para ver por onde anda a diferença dos R$ 670,00, que
    não estou recebendo. Alguém vai ter que responder, nem
    que seja para incomodar.
    Um abraço

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  7. Oi, colegas municipários!

    a greve também é motivo para conversarmos com pessoas com quem nunca falamos em dias normais de trabalho. É motivo para estreitarmos os laços de amizade e coleguismo com quem está ao nosso lado e sempre nos passa despercebido. É razão para ligar para alguém que faz tempo que não vemos e perguntar como ele vai. É oportunidade de tratar da saúde que se empurra com a barriga durante o ano todo, pois, afinal de contas, todos nós encontraremos Jesus um dia. Enfim, a greve faz ver quem a gente não vê normalmente. Mesmo que seja um fantasma como o Busatto na janela da prefeitura ou uma aparição firme e nova do Rio Grande do Norte onde pensávamos que somente havia praia. Lêdo engano.

    O fantasma da decrepitude e do depauperamento físico e mental anda a passos largos de lá para cá sem fronteiras geográficas. A fala daquela colega do país muda de lugar e de variedade linguística, mas é a mesma que a nossa. Como dizia para a Arlene, uma funcionária de uma multinacional francesa no sábado, tanto o Japão como a Coréia valorizam muito os seus professores. Até mesmo na China, através do seu câmbio subvalorizado, paga mais do que aqui: o salário médio de um operário na China é de quinhentos yuans; um professor lá ganha mil e quinhentos yuans. Todos estes países de tradição confucionista sabem que o conhecimento é que move o mundo. E que é preciso professores, muitos deles e bem remunerados para que isso aconteça. Não adianta somente um número expressivo deles, há que se ter professores que sejam qualitativamente bem pagos para fazer a diferença onde quer que estejam.


    Adriano.

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